domingo, 16 de setembro de 2012

Entendendo as tempestades deste sábado e domingo. Análise sinótica


A configuração sinótica segue favorecendo ao desenvolvimento de tempestades sobre o estado do Rio Grande do Sul. Como dito no post anterior, este padrão que temos hoje é conhecido devido aos seguintes fatores que contribuem para o surgimento e manutenção de tempestades severas:

  • Jato de Baixos Níveis.
Canal de escoamento do vento formado a leste da Cordilheira dos Andes. Realizou transporte de ar quente e úmido, já que esse ar é advectado em muitas vezes das regiões amazônicas, instabilizando assim a atmosfera. Tem papel fundamental, pois os movimentos ascendentes no interior da célula devem ser fortes para suspender pedras de granizo, por exemplo. O calculo físico do movimento do ar na vertical depende, em síntese, de quão úmido é o ar já que o ar úmido é mais leve em relação ao ar seco e por isso a força de flutuabilidade será maior, permitindo assim um movimento vertical mais intenso.


  • Cavado em superfície / Centro de Baixa Pressão
O cavado contribui como forçante mecânica para o levantamento do ar. Na presença de uma atmosfera mais “leve” (explicado no tópico anterior), é a componente que força a subida desse ar que formará as nuvens e seguirá subindo e expandindo-se até formar grandes tempestades, que podem ser locais ou até mesmo um aglomerado de tempestades. Como o ocorrido na tarde-noite de ontem e manhã de hoje, onde havia a presença de várias células de tempestades organizadas em um só conjunto de tempestades.
No dia de hoje o cavado não estava configurado, porém havia a perturbação diretamente do centro de baixa pressão do qual se estendia no cavado ontem.



  • Difluência do ar em altos níveis
Esta difluência é um afastamento das linhas de corrente observadas no nível de 250hPa. Corrobora com a circulação em superfície marcada por movimentos ciclônicos capazes de forçar a ascensão das parcelas de ar, e também com a entrada de massa em baixos níveis. É facilmente compreendido com o entendimento físico da equação da continuidade (uma das equações de Euler) que descreve a conservação de massa.


A soma destes fatores já foi discutida em vários artigos científicos como um dos grandes fatores que disparam a convecção severa sobre nossa região e são objeto de estudos científicos por parte dos integrantes do Capincho Cumulus que pretendem entender de maneira mais clara, qual a contribuição efetiva de cada um deles.
Baseado nessa experiência teórica e acima da tudo na observacional, o Capincho Cumulus lançou ainda na noite de quinta-feira que poderíamos ter a ocorrência de tempo severo sobre o estado, uma vez que hoje possuímos um conhecimento razoável sobre o ambiente atmosférico favorável para o desenvolvimento de tempestades severas sobre nossa região.
Por fim, o objetivo do Capincho Cumulus com este post é tornar um pouco clara para o público que acompanha o blog, quais foram os fatores e com o que eles contribuíram para gerar as tempestades ocorridas neste fim de semana no estado do Rio Grande do Sul.
Eventuais correções e contribuições nos argumentos acima serão bem vindas, pois o principal objetivo deste espaço, além de passar a informação meteorológica, é a nossa capacitação como futuros pesquisadores para que aí sim possamos contribuir de maneira mais efetiva para a sociedade.

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